|:| Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras |:| Célia Lopes {celiar.s.lopes@gmail.com} e Silvia Cavalcante {silviare@gmail.com} |:| carta 05-PF-08-11-1878 |:| Autor: João Pedreira do Couto Ferraz |:| Destinatário: |:| Data: 08 de Novembro de 1878 |:| Versão original |:| Encoding: UTF-8 Minha estremoza Zelia Andaray Gre 8 de 9bro de1878 . Em dia que é relativamte assignalado para cada pessôa , por ser anniversario de nascimento desta vez disendo me respeito o presente , escrevo te , antes d ir á Cidade como uma expressão de lembrança saudoza de ti , tão longe demim . Por certo que se aqui estivesses , verias pressuroza , comtodo affe-cto e entranhado carinho de que é capaz o teu coração pedir me abenção e deposi-tar em ma fronte o teu osculo repassado de ternura e de amor filial . Pois bem Figuro queestás perto de mim , e no pensamento bei-jo te , abraço e te abençôo , elevando mas preces aos Pés deDeos pela tuafelicidade . N. B. Depois de concluida esta – peço te que digas ao meufilho , que mandei lhejá o diario official que oVae . Esses anda por Cantagallo , q por estes dias o Zé- douro lhe pagará , que o S. Fernando deCastro chega amanhã de Petropolis , que o Plínio vae dar o augmento do estafeto , q breve meuirmão lhees-creverá e q eu amanhã áeste fato farei em carta especial . todos os nossos estão comsaudades . [pag] Amo á V todos mto mto ; tanto qto cabe de sentimto no coração paternal ; e ven-do que todos passam bem agora , que sabem correspon-der a ma affeição , deveria ficar satisfeito , e fico de alguma sorte , dando graças a Deos ; porem a perda que eu soffro , punge me ainda sobre modo ; e a recordação doloroza e incessante anoça amargamente o gozo que eu podera completamte sentir . Desprendem se poo sempre um elo da corrente tão suave eagradavel que me prende a comen-cante no lar e pelo que dava sempre graças a Deos assim como ainda douhoje nãoobstante a falta que me entristece , e a quem ro-go que me fortaleça na resignação . – Compare-mos – Ma fama – consorte e filhos – é como que uma [pag] harpa quepossuo – cada uma das cordas des fere sons melodiosos e delicados , mas a que rebentou se , pertuba ou quasi que desmancha o concerto e a harmonia de todo . Não fallemos ms sobre as-sunpto pa mim epa ti tão sensivel , ma Zelia – Não permitte que uma só pessôa refira se a elle . Quero guar-dar com migo a sós ma dor no intimo d'alma , embora as vezes me pareça quevaesoffocar-me . Pois , se mesmo commu-nicando me com tigo , q és par-te deminha essencia moral equebem me comprehendes , derigindo eu só o curso de mas ideias escrevendo , nãofosse continuar ! . . Será fraquesa em mim , não querer ou não poder nunca desabafar-me ? ou egoismo na dor ? entretanto , como é que a sós com migo tanto eu me torturo ? e as lagrimas correm em fio ? - ... . Nada me respondas [pag] Notocante a esse tópico tão triste – Sintão por si , e me deixem sentir a meu modo especial , q detodos é o pior . Orá – aqui está ! ! Desejava cumprir o teu desejo , escrevendo te uma carta meiga e amistosa como mepedias , e involuntariamte em vez de satisfaser te tenho certeza que vou entristecer te qdo leres esta carta – O nossoanjo que vê a ma pena , por arte q está pedindo a Deos ou força e resigna-cão para seu Pae e felicide qto é pos-sivil para todos nós . Nada mais – O meu pensamto q mtas vezes me deixa voa paa junto de ti , e de teu marido , meu digno filho e amigo , inquietavase qto a saúde da Maria Eliza . Atua derradeira carta , porêm , veio me tran-quillizar a tal respeito , communicandome que tanto ella como a Rosinha Maria vão passando muito bem __ Acabando tu de ler esta carta – dá bei-jos em ambos por mim , e dá um abraço em teu marido que eu mando – tiran-do estes dos mtos que em mente eu te offereço , ma filha , eu que soutão teu amo – e q se não fosse offender a Deos teria soberba por possuir te – Adeos – Teu Pae e verdadeiro amigo Pedreira